9.08.2004
Crônicas Aduaneiras
Por Tales Lima Carrão
Fui levar ontem a Manu no aeroporto. Como muitos sabem, minha namorada viajou pra França. Como emprestei minha câmera pra ela, tivemos que pegar a fila do guichê da Receita Federal, para declarara câmera.Chegando lá, a fila já tinha mais de cinquenta pessoas e para agilizar o processo, resolvi contornar a fila e pedir um formulário no guichê.
Encostei no balcão e vi apenas um senhor, careca,discutindo com um executivo que tentava explicar que ele não queria levar "uma das duas" baterias de seu notebook, e sim as duas. Pedi o formulário. O atendente fez cara feia e pediu pra esperar, pois eleestava "muito ocupado". Meti a mão na pilha de formulário e arranquei um. Então, ele se manifestou: "Ei, ei, peraí. Que que você vai declarar?"; eu disse "câmera", e ele respondeu "ah tá, então é esse formulário mesmo". Não aguentei e perguntei se havia outro formulário. "Não", não há.
Preenchi com os dados da câmera e mais quarenta minutos se passaramaté que eu chegasse à boca do guichê. Entreguei o papel e mostrei a câmera. "As duas lentes tem que declarar separado". Corrigi a merda toda e já estava ficando puto, mas para evitar represálias, fiqueiq uieto.
Tudo entregue, carimbado e homologado, não suportei mais. "Vem cá,qual seu nome?". Ademir, respondeu o senhor careca. "Ademir, é verdade que cerca de 70% dos turistas brasileiros que vão para o exterior passam por Guarulhos?". "Deve ser, porquê?", respondeu o ancião. "Não é estranho que apenas um careca controle toda a entradae saída de bens dos turistas brasileiros?". A resposta foi fenomenal: "Já tive cabelos".
Consciente de minha humilhante derrota, apenas retirei-me. Agora entendo como o velho Ademir passou no concurso de Agente Fiscal da Receita Federal.
Tales Lima Carrão é pentacampeão de slaloon de campo, esporte mais popular di Sri Lanka, e atualmente joga na equipa dos Devanaghari KebabMakers. Aos 32, decepou sua orelha esquerda durante um jantar beneficente, dando-a de comer para um nativo da Somália.
Fui levar ontem a Manu no aeroporto. Como muitos sabem, minha namorada viajou pra França. Como emprestei minha câmera pra ela, tivemos que pegar a fila do guichê da Receita Federal, para declarara câmera.Chegando lá, a fila já tinha mais de cinquenta pessoas e para agilizar o processo, resolvi contornar a fila e pedir um formulário no guichê.
Encostei no balcão e vi apenas um senhor, careca,discutindo com um executivo que tentava explicar que ele não queria levar "uma das duas" baterias de seu notebook, e sim as duas. Pedi o formulário. O atendente fez cara feia e pediu pra esperar, pois eleestava "muito ocupado". Meti a mão na pilha de formulário e arranquei um. Então, ele se manifestou: "Ei, ei, peraí. Que que você vai declarar?"; eu disse "câmera", e ele respondeu "ah tá, então é esse formulário mesmo". Não aguentei e perguntei se havia outro formulário. "Não", não há.
Preenchi com os dados da câmera e mais quarenta minutos se passaramaté que eu chegasse à boca do guichê. Entreguei o papel e mostrei a câmera. "As duas lentes tem que declarar separado". Corrigi a merda toda e já estava ficando puto, mas para evitar represálias, fiqueiq uieto.
Tudo entregue, carimbado e homologado, não suportei mais. "Vem cá,qual seu nome?". Ademir, respondeu o senhor careca. "Ademir, é verdade que cerca de 70% dos turistas brasileiros que vão para o exterior passam por Guarulhos?". "Deve ser, porquê?", respondeu o ancião. "Não é estranho que apenas um careca controle toda a entradae saída de bens dos turistas brasileiros?". A resposta foi fenomenal: "Já tive cabelos".
Consciente de minha humilhante derrota, apenas retirei-me. Agora entendo como o velho Ademir passou no concurso de Agente Fiscal da Receita Federal.
Tales Lima Carrão é pentacampeão de slaloon de campo, esporte mais popular di Sri Lanka, e atualmente joga na equipa dos Devanaghari KebabMakers. Aos 32, decepou sua orelha esquerda durante um jantar beneficente, dando-a de comer para um nativo da Somália.
