10.06.2004

 

Frustrações Sexuais de Neves - Capítulo 2

Por Plínio Falaz

Há anos atrás, o fenômeno Krypton assolava São Paulo. Não havia um jovem apenas que não tivesse alguma vez pisado nessa casa noturna. Com Neves não fora diferente. Freqüentador assíduo da Krypton, junto com seus colegas Tiaguinho e Preto, ele estava em apenas mais uma noitada, mas isso em breve mudaria.

Os três avistaram, após algumas horas, duas garotas conhecidas, do colégio onde estudavam. Renomadas vagabundinhas do colegial, as duas já se encontravam razoavelmente bêbadas e vieram, isso já à uma da manhã, pedir carona aos três rapazes. Neves, que nem mesmo era o condutor do veículo, adiantou-se e começou uma maliciosa e maquiavélica chantagem, do tipo, se rolar um malho, rola carona, senão volta a pé.

As duas ainda não estavam bêbadas o suficiente para ceder a tamanha cafajestagem, então Neves resolveu rodar pela balada, chegando em outras barangas, enquanto aguardava que as duas atingissem o teor etílico desejado.

Horas depois, Neves voltou ao encalço das duas, e encontrando sua vítima, agarrou-a sem qualquer delicadeza pelo braço, aplicou um ‘arm lock’ e deu um malho, que persistiu por cerca de 15 minutos. Terminando, Neves dirigiu-se às duas, e pediu que o encontrassem na porta.

Imediatamente, Neves correu até Tiaguinho, verdadeiro proprietário do veículo, falando “já peguei, vamos rapar fora”. Tiaguinho, já mundialmente conhecido pelo seu coração mole, fez com que Preto e Neves aguardassem as vagabundinhas na porta, o que causou certo desconforto ao nosso herói.

No carro, as meninas alertaram o piloto a ir em direção à Avenida João Dias, em Santo Amaro. Durante todo o caminho, Neves e suas duas mãos-tentáculos quase que absorveram as roupas íntimas da menina, que ia ao seu lado no banco de trás. Apesar da agressão constante a seus seios, coxas, glúteos e púbis, a rapariga dava enormes risadas, mostrando todo o seu vigor para dali prosseguir, para uma manhã de sexo – Neves provavelmente iria transar.

Imediatamente, já que a outra, que ia no banco da frente, ria também histericamente, Neves começou a instruir Tiaguinho: “vá para um motel, ou drive-in” – Neves iria transar. Entretanto, Tiaguinho, um ícone da filosofia do politicamente correto, respondia a todas as solicitações de Neves de forma negativa.

Tiaguinho argumentava que as meninas não estavam bêbadas o suficiente para transarem assim, ‘do nada’. O protesto de Neves, desta vez, saiu em forma de brado: “Caralho, Tiaguinho, eu estou com a mão dentro da calça dela há uma hora!!!”

Tiaguinho ignorou, acordando a menina ao seu lado, que o instruiu, com extrema dificuldade, sobre o restante do caminho. Chegando lá, os três tiveram que ajudar as duas a sair do veículo.

Observando as duas, com o carro já em movimento, Neves pôde ver com que dificuldade a baranga esvaziou a bolsa em plena calçada, até achar a chave do portão. Abrindo-o, ambas caíram estateladas garagem adentro. Neves não iria transar, não naquela noite, mas Tiaguinho levaria dezenas de murros nos quilômetros seguintes.
Moral da história: “Nunca dependa de um amigo virgem”.

Plínio Falaz é jesuíta da Ordem dos Franciscaniscaneses, e passou vinte anos de sua vida escrevendo a história de Winston Churchill na areia da praia. Foi internado numa clínica psiquiátrica quando a maré subiu.


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